Festas Judaicas

Festas Judaicas

As festas anuais levíticas. Lev. Cap. 23
Yom Tov יום תוב Dia bom
O capítulo 23 do Levítico é outro viveiro de preciosíssimos tipos, e tanto mais valiosos por não representarem vários aspectos do mesmo acontecimento, mas vários acontecimentos em sucessão cronológica.
Excetuando alguns versículos que se ocupam do sábado tanto no começo  como no fim do capítulo (o que constitue uma alusão típica à eternidade tanto anterior como posterior ao tempo), o restante do capítulo trata de instituição de sete solenidades que se deviam celebrar anualmente na terra da promissão e em seus tempos determinados. Elas tipificavam os grandes acontecimentos de vasto alcance espiritual que Deus dantes determinara se realizassem através do tempo.
a) A páscoa (V. 5; Dt 16.6; 1 Co 5.7-8).
Pessach/Páscoa (פסח) (primeiros dois dias) - 15 (and 16) Nissan,
Era festa de um só dia, celebrada no dia 14 do primeiro mês, que era o mês de Abib, ou das espigas verdes. Caraterizava-se pela imolação do cordeiro. No Egito, quando ela foi instituida, o sangue do cordeiro foi borrifado à vêrga e às ombreiras da porta de cada casa como sinal para que não fosse morto o primogênito da família. Celebrada dai por diante, cometia-se essa formalidade, visto não estar mais presente a causa que a requerera no Egito.
Conforme a referência acima feita ao Novo Testamento a páscoa era tipo do sacrifício de Cristo, que ocorreu exatamente dentro das vinte e quatro horas pertencentes ao dia quartoze de Abib.

b) A festa dos pães asmos (Vs. 6-8; Dt 16.3; 1 Co 5.8).
Era festa de sete dias celebrada em seguida à páscoa. É às vezes considerada como prolongamento desta, mas a páscoa propriamente dita era festa de um só dia, apontando para um acontecimento definido, ao passo que a solenidade dos pães asmos por ela introduzida durava toda uma semana (símbolo de plenitude do tempo), representando uma atitude, um estado, um modo de viver, como claramente ensina o apóstolo. É a pureza de vida que convém ao crente, que renuncia à maldade e a malicia e cultiva a sinceridade e a verdade.

c) A festa das primicias (Vs. 9-14; Ex 23.19; 1 Co 15.20).
Como a páscoa, era festa de um só dia, o dia seguinte ao sábado da semana dos pães asmos. O grande acontecimento prefigurado nela se deu exatamente na manhã desse dia, quando o Senhor Jesus Cristo ressurgiu dentre os mortos como as primícias dos que dormem. Ele próprio se compara ao grão do trigo que, caindo na terra, morre para produzir muito fruto. Sua ressurreição é o penhor de uma grande promessa, a ressurreição de todos os seus na sua vinda.
d) A festa das semanas, ou do pentecostes (Vs. 15-22; Dt 16.10; Atos 2.1-4; Gl 3.29).
Shavuot (שבועות‎) - 6 Sivan.
Os judeus a chamavam antigamente festas das semanas porque contavam sete semanas desde o dia seguinte ao sábado dos pães asmos, ou seja desde o dia das primícias, até ao dia seguinte ao sétimo sábado, que o pentecostes (quinquagésimo), como veio a ser conhecido mais tarde, por ser o quinquagésimo dia desde o dia da festa das primícias, inclusive. Festa de um só dia, teve seu cumprimento em um acontecimento definido, que foi o batismo do Espírito Santo, em virtude do qual todos os crentes vieram a ser um só corpo em Cristo. Revestimento de Poder.
e) A festa das trombetas (Vs. 23-52; 1 Co 15.52; 1 Ts 4.16; Mt 24.31).
Depois de um intervalo de mais de três meses sem festa alguma, que bem sugere este longo período da Igreja Cristã já por alguém denominado o tempo do silêncio de Deus, recomeçava uma segunda série de três festas finais, as quais ainda não tiveram seu antítipo na história, pertencendo, ao domínio das profecias por cumprir.
Em vista da formação da Igreja e de não haver Deus desprezado seu antigo povo de Israel (Rm 11.1), há daqui por diante dois povos distintos nas cogitações de Deus, e estas últimas três solenidades têm, por isso, antítipo Igreja e em Israel. 
Assim, pois, a festa das trombetas tipifica (1) o despertar dos que agora dormem no Senhor, ao som da última
trombeta, ou da trombeta de Deus, para sairem ao encontro
do Senhor nos ares, e
(2) o despertar dos eleitos de Israel para arrependimento nacional, pelo trombetear do Evangelho do Reino, tudo conforme as referências acima.
f) O dia da expiação (Vs. 26-32; Cap. 16; Hb 9.28; Rm 11.26).
Erev Yom Kippur - 9 Tishrei

Yom Kippur (יום כיפור‎) 

Solenidade de um só dia, era celebrada a dez do sétimo mês. Como este fora outrora o primeiro mês do ano, e por conseguinte, o primeiro fora sétimo, há uma correspondência ou correlação perfeita entre o dia da expiação e aquele em que fora separado do cordeiro pascoal para o sacrifício (o dia 10 do 1. mês). Realmente a páscoa alicerçou a relação de Israel para com o Senhor, como um povo remido, ao passo que no dia da expiação se fazia cada ano "comemoração" dos pecados dêles (Hb 10.3). Em relação aos crentes da dispensação atual, esse dia tipifica aquele juizo em que serão avaliados o nosso serviço como crentes, os motivos e os processos que tivermos empregado em nosso testemunho. Era dia de santa convocação, humilhação e repouso; e tal há de ser para nós o tribunal de Cristo, porque perante ele todos havemos de comparecer, porque havemos de ver reprovadas e destruidas muitas das nossas obras em que hoje nos gloriamos, e porque apesar de tudo quanto haja de defeituoso em nós, mau grado o detrimento que o fogo do santo juizo possa causar em nossos tão estimados edifícios de madeira, feno e palha, e não obstante as acusações que nos possa mover o grande adversário, venceremos pelo sangue do Cordeiro.
Para Israel é o futuro dia em que o Senhor "desviará de Jacó as impiedades" também em virtude do sacrifício expiatório do Calvário, dia em que lhe será de reunião, de humilhação, mas também de descanso, à semelhança do que se deu com os irmãos de José no memoravel dia de seu reconhecimento no Egito. O capítulo 53 de Isaias há de ser então para Israel a expressão de seu arrependimento e de sua fé.
g) A festa dos tabernáculos (Vs. 33-36; 9-43; João 10.51).
Sucot (סוכות ou סֻכּוֹת sucōt) é um festival que dura 7 dias, também conhecido como a Festa dos Tabernáculos.
Era festa de sete dias como a dos pães asmos; representa portanto, um estado, um modo de viver. Vinha depois da sega do trigo (símbolo do recolhimento de todos quantos hão de ter na primeira ressurreição) e da vindima (que simboliza a destruição dos inimigos do Senhor). Tipificava, pois, esta festa o reinado Milenário de Cristo, como ele próprio o mostrou a três de seus discípulos no monte da transfiguração, cena que levou Pedro a desejar ficar alí, propondo-se a fazer lá três tabernáculos.
Não havia, porém, chegado o tempo, nem chegou ainda, mas vem se aproximando. Nesse tempo, os santos da presente dispensação, já então glorificados, estarão com o Senhor, à semelhança de Moisés e Elias lá no "monte santo"; e Israel, nação por esse tempo já convertida será como os três discípulos que assistiram aquela glória estando ainda em carne.
Notemos que no final da festa dos tabernáculos, que era de sete dias, havia um "oitavo dia" mais solene e de completo repouso. Isso indica 'que o milênio ainda não é o estado de perfeição, pois há de findar, como se vê no Apocalipse, com uma rebelião terrível e um juizo espantoso. Depois, todavia, vem "o dia perfeito" com seus "novos céus e nova terra em que habita a justiça".
Outros muitíssimos tipos encontrará o leitor das Escrituras, comparando os ritos do Antigo Testamento com os ensinos do Novo e as narrativas daquele com as doutrinas deste.
Convém findar esta lição com algumas regras práticas e é o que vamos fazer.
Regras
1. Não devemos afirmar que alguma coisa é típica sem base segura. Esta ou há de ser alguma afirmação do Novo Testamento ou uma evidente analogia entre o tipo e seu antitipo.
2.0 Não esquecer que o tipo é apenas "a sombra, e não a imagem exata" das coisas tipificadas, sendo às vezes no  contraste antes que no confronto que sobressai a figura, como acontece na impressão tipográfica.
3. Para que alguma coisa seja classificada como tipo não é preciso, por outro lado, que a tenham considerado como tal aqueles que a viram ou praticaram; basta sabermos que o Espírito Santo assim dava a entender. Ao olharmos para a fotografia de uma paisagem por nós mesmos tirada, muitas vêzes nos admiramos de ver nela muita coisa que não haviamos notado quando a fotografamos. Assim são os tipos quando realizados.
4. Notar que tanto há tipos múltiplos de um só antítipo, como há casos de tipo único com múltiplos antítipos. As ofertas levíticas são exemplo do primeiro caso; o tabernáculo considerado em seu conjunto exemplifica o segundo.
5. Interpretar os tipos históricos não esquecendo o significado dos nomes próprios pessoais e dos toponímicos, os títulos e funções, as circunstâncias históricas, etc., conforme o exemplo inspirado (Hebreus 7).
6.° Interpretar os tipos rituais tendo em conta a qualidade dos materiais, as dimensões, a fórma, a cor, os usos e atos simbólicos.
7. Não esquecer que, identificados como se acham o tipo e seu antítipo, deparam-se-nos às vêzes, em conexão com aquele, afirmações ou descrições, que, em rigor, convém à este. Assim se explicam declarações aparentemente difíceis, como as de Hb 7.3, em parte explicadas logo no v. 6.
Fonte:  MANUAL DE HERMENÊUTICA SAGRADA - ANTÔNIO ALMEIDA - ed. GIEL

  

A CIÊNCIA DE INTERPRETAR A BÍBLIA - PR. MÁRCIO RUBEN
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