Os Sacrifícios ao Senhor
Os Sacrifícios ao Senhor
Sacrifícios
Antes da promulgação do ritual levítico, uma só forma de sacrifício correspondia a todas. Era o holocausto, que constituiu a forma de culto dos tempos patriarcais, como se pode verificar das seguintes passagens: Gn 8.20; 22.2, 13; Jó 1.5, etc.
É no livro do Levítico que vamos encontrar a classificação dos sacrifícios em cinco espécies, de cada uma das quais alguma parte se queimava sobre o altar, e representavam cinco diferentes aspectos da obra redentora que o Filho de Deus havia de efetuar séculos depois.
a) Holocausto: No holocausto, em que a vítima era toda consumida pelo fogo sobre o altar para aceitação do ofertante sem referência alguma a este ou aquele pecado determinado (Lv 1.3 Almeida, margem), prefigurava-se a completa consagração do Senhor Jesus Cristo "até a morte, e morte de cruz", em virtude da qual "somos aceitos no Amado".
Era oferta de "suave cheiro", representando a perfeita satisfação de Deus na obra redentora do seu Filho, pelo que também este se deleitou em ser oferecido em holocausto (Hb 10.5-9; Salmos 40.6-8).
A variedade nas espécies de animais oferecidos, desde o robusto touro de um ano até a humilde rolinha, representa os diversos graus de percepção espiritual que o homem pode ter da obra redentora do Salvador. Para Deus a aceitação é a mesma e igual a suavidade do cheiro, ao passo que para o homem varia muito a apreciação daquilo que Cristo faz por todos.
b) Cereais: Na oferta de cereais, que acompanhava o holocausto, indicava-se a pureza, a santidade, a perfeição moral da vida do Redentor, juntamente com os sofrimentos que precederam a cruz. Era também oferta de suave cheiro, e também havia diferentes modos de a oferecer sugerindo padecimentos de várias procedências e naturezas.
c) Pacífico: No sacrificio pacífico (no Hebraico sacrifício das pazes), que também era de suave cheiro, somente o sangue e a gordura da vítima eram oferecidos sobre o altar; o peito e a espádua direita pertenciam ao sacerdote ministrante, e todo o restante da carne servia de repasto ao ofertante com sua família no átrio sagrado. Indicava esta oferta a reconciliação e comunhão do homem com Deus em virtude do sacrifício de Cristo.
d) Pecado: A oferta pelo pecado já não era de suave cheiro, e nela o corpo da vítima era queimado fora do arraial, representando o desagrado de Deus contra o pecado, e o aspecto do sacrifício de Cristo em que ele é considerado como "feito pecado por nós", aspecto em que a cruz lhe é repulsiva, produzindo nele os horrores do Getsemane e o clamor angustioso da cruz: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?"
Fonte: MANUAL DE HERMENÊUTICA SAGRADA - ANTÔNIO ALMEIDA - ed. GIEL